Aplica-se às versões: PMv7, PMv7G, PMv8, PMv8G
Assunto
Como considerar no Eberick ligações semirrígidas entre vigas e pilares pré-moldados com barra passante?
Artigo
Atualmente, um dos grandes desafios para os projetistas de estruturas pré-moldadas consiste na obtenção de um modelo cuja estabilidade global da estrutura seja atendida, já que este modelo estrutural pode apresentar deslocamentos consideráveis devido à baixa rigidez das ligações entre os elementos constituintes do sistema pré-moldado. Assim, a estabilidade global ganha grande importância no estudo das estruturas pré-moldadas, onde a deslocabilidade de primeira ordem é bastante influenciada pelo comportamento das ligações viga-pilar.
Considerando os aspectos abordados no parágrafo anterior, uma das soluções possíveis para que a estabilização de estruturas pré-moldadas seja alcançada é através da solidarização entre as vigas e os pilares, formando pórticos nas duas direções da estrutura.
Essa solidarização pode ser obtida de diversos modos, sendo que as alternativas mais comumente utilizadas são o uso de barras de continuidade entre as vigas, passando por dentro dos pilares, ou ainda através de soldas entre as vigas e os pilares da estrutura.
Detalhe da solução com armadura de solidarização com barra passante (Fonte: Ferreira, 2007)
Caso o projetista opte pela solidarização entre a viga e o pilar por meio de barras passantes, deve ser prevista no projeto a adição de estribos na viga para a amarração das barras passantes e de um revestimento de concreto para estas armaduras. Este revestimento pode ser executado por meio de uma capa a ser concretada in loco, garantindo assim a solidarização entre os elementos. Esta capa de concreto adicionada à viga e concretada na peça já montada comumente recebe o nome de seção de 2º estágio.
Representação da ligação entre pilar e viga com seção de 2º estágio (Fonte: Ibracon)
Seção da viga em 1º e em 2º estágio
Para representar esta seção da viga no Eberick Pré-moldado é necessário definir para a mesma a seção da mesa colaborante da seção T mista, que irá representar o 2º estágio de concretagem, a partir do qual será considerado pelo programa um acréscimo na seção da peça. Para definir o 2º estágio da viga basta clicar no botão “Seção (2º estágio)”, presente na janela de edição do elemento no croqui:
Diálogo para definição do 2º estágio da viga
No diálogo da seção de 2º estágio, cabe ao usuário informar ao programa somente a dimensão máxima da mesa a ser considerada para cada lado da viga (bl2), já que os demais valores serão obtidos automaticamente pelo programa, a partir das seguintes definições:
- Largura da alma (bw2): obtida em função do bw da viga e do item "Comprimento da vigota dentro do apoio" existente em “Configurações - Dimensionamento - Lajes - Nervuras”, grupo "Pré-moldados".
- Largura da mesa colaborante da seção mista (bf2): obtida em função dos valores de bw e bl2, levando em consideração também a existência de laje em cada lado da viga.
- Espessura da mesa colaborante da seção T mista (hf2): obtida em função da capa de concreto das lajes com nervuras ou da espessura das lajes maciças.
- H2: espessura da laje
Em relação ao detalhamento das vigas com 2º estágio, além das armaduras longitudinais serão detalhados os estribos da viga para a seção de fábrica, bem como os estribos e a representação da forma da seção de 2º estágio.
Exemplo de um detalhe de viga pré-moldada com 2º estágio de concretagem
Para a definição de seções de vigas com 2º estágio, é importante salientar que nas etapas iniciais (desforma, transporte e montagem) o programa verifica a viga como uma peça isolada com a seção de 1º estágio. Na etapa de construção preliminar, também é utilizada a viga com seção de 1º estágio, sendo que nesta etapa o programa monta um pórtico espacial com a estrutura completa, considerando as ligações rotuladas e os pontos de apoio da estrutura montada.
Vinculação da viga para a seção de 1º estágio (rotulada)
O resultado dos esforços da etapa de construção preliminar é agrupado com os resultados do processamento da etapa final, onde é considerada a seção completa da peça (1º e 2º estágio) e, portanto, com inércia, resistência do concreto e rigidez diferentes, bem como a resistência das ligações semirrígidas e as combinações de ações últimas.
Vinculação da viga para a seção com 2º estágio (apoios semirrígidos)
Devido a complexidade deste assunto e das considerações que devem ser realizadas sobre o modelo com ligações semirrígidas, iremos discorrer melhor sobre este tópico futuramente, em um outro artigo.
Definição da ligação semirrígida entre a viga e o pilar pré-moldado
Por fim, tendo o projetista optado pela solidarização entre a viga e o pilar por meio de barras passantes, além de prever a seção da viga em 2º estágio é necessário ainda prever furos no pilar para a passagem das barras.
Furos no pilar para a passagem das barras (Fonte: Ibracon)
No Eberick Pré-moldado, a ligação semirrígida com barra passante está disponível através do botão “Modelo” no diálogo das vigas com 2º estágio de concretagem.
Definição da ligação entre vigas e pilares pré-moldados
Assim, tendo configurado a vinculação da viga como sendo semirrígida com barra passante, ao detalhar o pilar serão indicados os furos para as barras, conforme pode ser visualizado na figura a seguir:
Detalhe da indicação dos furos para barras passantes no pilar
As ligações do tipo barra passante terão suas armaduras representadas junto com o detalhamento das lajes, uma vez que são montadas em obra e concretadas junto com as capas das lajes.
Detalhamento das armaduras das ligações semirrígidas
No detalhamento das lajes também pode ser incluído um detalhe típico, representando um corte de uma região com ligação semirrígida para facilitar o entendimento em obra.
Detalhe típico da ligação semirrígida